A Deezer é uma empresa francesa fundada em 2007 por Daniel Marhely e Jonathan Benassaya. Uma estrela da Web conhecida pela sua qualidade de áudio, características e serviços inovadores, a Deezer estabeleceu-se como uma plataforma inovadora de transmissão de música para empresas e utilizadores. Com um catálogo de mais de 120 milhões de músicas, a jovem empresa francesa continua a desenvolver a sua estratégia em todo o mundo face a rivais de peso como o Spotify, a Amazon Music e a Apple Music. Vejamos a história deste serviço de streaming de áudio “Made in France” e a sua estratégia de implementação, que se centra principalmente nas parcerias entre empresas e na experiência do utilizador.
Os primórdios do Deezer
A aventura Deezer começou na rue Emile Menier, no 16º arrondissement de Paris. Em 2006, Daniel Marhely, um jovem cientista informático, criou o Blogmusik.net, um sítio Web que lista todos os ficheiros áudio de artistas na Internet e permite ouvi-los gratuitamente, sem descarregar. Mas, devido à violação dos direitos de autor, o sítio foi encerrado em abril de 2007, sob pressão da SACEM (Société des Auteurs Compositeurs et Editeurs de Musique) e da SDRM (Société pour l’administration du Droit de Reproduction Mécanique). No ano seguinte, Jonathan Benassaya, na altura estudante na escola de gestão ESSEC, em Paris, conheceu Daniel Marhely numa incubadora de start-ups. Juntos fundaram o Deezer, o primeiro sítio gratuito de audição de música, desta vez com o acordo da SACEM. Este novo serviço de streaming “Made in France” paga aos artistas e aos detentores de direitos de autor através de receitas publicitárias. Xavier Niel, presidente da Free, escolheu a Deezer como plataforma digital para a sua oferta de telefonia. A empresa está a investir 250 000 euros em troca de uma participação de 20% na jovem empresa parisiense em fase de arranque. Xavier Niel também quer tirar o fôlego à Universal Music, que se prepara para lançar uma parceria com a sua rival Neuf Télécom. Em 2007, a Universal Music declarou num comunicado de imprensa que não tinha sido assinado qualquer acordo com a empresa de streaming e que o seu repertório na Deezer estava a ser explorado ilegalmente. Só em 2008 é que o grupo Universal Music confiou o seu catálogo de artistas à plataforma.
Na altura, o modelo de negócio do Deezer era o seguinte: o sítio era totalmente gratuito. A partir de fevereiro de 2009, a escuta só será possível após autenticação na plataforma. As sequências publicitárias programadas de 15 em 15 minutos permitem à jovem empresa pagar aos artistas e aos detentores dos direitos de autor. Em novembro de 2009, a Deezer lançou dois serviços pagos, que oferecem uma audição sem anúncios e uma melhor qualidade de som. Em junho de 2011, a audição gratuita, através do início de sessão na sua conta, passou a estar limitada a 5 horas por mês e o catálogo de artistas foi restringido. Está então disponível uma oferta Premium, que permite ouvir sem anúncios. Em dezembro de 2011, a plataforma francesa de streaming tinha 20 milhões de utilizadores, incluindo 1,4 milhões de assinantes da sua oferta Premium.
Parcerias com editoras e empresas discográficas
O sucesso do arranque permitiu-lhe assinar rapidamente contratos com editoras e empresas discográficas. Desde o seu lançamento em 2007, a Deezer incluiu 160 000 faixas do catálogo da Sony-BMG. Em 2008, o repertório totalizava 1,5 milhões de títulos áudio. Em maio de 2008, a integração do impressionante catálogo europeu da Universal Music (que abrange 35 países) acrescentou mais 1 milhão de faixas à oferta de Streaming. Nesse mesmo ano, a consulta “Deezer” no Google foi uma das 10 palavras mais pesquisadas no famoso motor de busca americano! O catálogo do Warner Music Group foi integrado no Deezer em setembro de 2008, disponibilizando 4 milhões de faixas na Web.
Deezer para empresas
Em dezembro de 2009, a cadeia de fast-food Mc Donald’s contactou a Deezer com o objetivo de substituir o sistema de difusão de música nos seus estabelecimentos através de uma parceria empresarial. Esta oferta permite a mais de 600 restaurantes em França reproduzir música sem publicidade. Em janeiro de 2010, Axel Dauchez, o novo diretor-geral da Deezer France, foi encarregado de rentabilizar o serviço. Em março de 2010, apareceram 3 imagens publicitárias nas páginas inicial, de música e de rádio da plataforma e, no verão, foi lançada uma parceria entre a Orange e a Deezer. A Orange adquire uma participação de 11% na Deezer, o que lhe permite incluir o Deezer Premium nos seus pacotes telefónicos topo de gama. Em outubro de 2014, a empresa adquiriu a Stitcher, uma plataforma de streaming norte-americana especializada em podcasts e conteúdos de rádio. No início de 2017, o grupo Fnac-Darty uniu forças com a Deezer por um período de três anos, adquirindo uma participação na startup sediada em Paris. Por cada compra de um produto áudio (auscultadores, amplificador, altifalantes, etc.), os clientes da Fnac-Darty receberão uma assinatura gratuita de 3 meses do Deezer Premium. Em agosto de 2018, a empresa, avaliada em mais de mil milhões de euros, juntou-se ao prestigiado clube dos “Unicórnios” graças a uma ronda de angariação de fundos no valor total de 160 milhões de euros.
Plataformas rivais da Deezer
Nos últimos 15 anos, o streaming tornou-se a nova forma de consumir música. A oferta de produtos é cada vez maior e todos tentam destacar-se da multidão. O Deezer está em atividade desde 2007 e enfrenta o seu rival histórico Spotify. Desde então, surgiram outros serviços, incluindo o Apple Music, o YouTube Music e o Amazon Music. Outras plataformas de streaming orientadas para os audiófilos, como a Tidal e a Qobuz, também apareceram em cena. Eis um breve resumo das plataformas de streaming de música que concorrem com a Deezer:
- Amazon Music: o catálogo do gigante americano contém mais de 100 milhões de faixas. O serviço está incluído no Amazon Prime ou disponível por 9,99 euros por mês (Amazon Music Unlimited). Os ficheiros áudio são de qualidade “SD” na versão Prime e “HD” e “Spatial” (codificados em Dolby Atmos) na versão Unlimited. Ao contrário do Deezer, a versão Prime não permite a criação de listas de reprodução.
- Apple Music: tal como a Amazon Music, o gigante americano oferece mais de 100 milhões de faixas em streaming e, embora só recentemente tenha sido lançado, este serviço de distribuição digital beneficia da sua experiência na iTunes Store. A oferta é de 10,99 euros/mês com qualidade sem perdas. O serviço também oferece acesso a várias estações de rádio, bem como a videoclipes e a um serviço de integração de letras.
- YouTube Music: o sucessor do Google Play Music, que será descontinuado em 2020, o YouTube Music oferece o maior catálogo, uma vez que está aberto a todos os que difundem vídeos na plataforma. No entanto, a qualidade de áudio está limitada a 256 kbps, muito abaixo do que o Deezer oferece com 320 kbps (MP3) e a sua oferta FLAC HD (qualidade de CD). A sua compatibilidade com os sistemas operativos iOS e Android também foi muito criticada.
- Spotify: rival de longa data do Deezer, o catálogo do Spotify oferece 80 milhões de faixas e a sua qualidade de áudio MP3 está limitada a 320 kbps (equivalente à do Deezer na sua versão SD). No entanto, a sua verdadeira força reside no número de utilizadores: a plataforma sueca conta com quase 500 milhões em todo o mundo! É também compatível com um grande número de aplicações, como Alexa, Siri e Google Home.
- Qobuz: A segunda maior plataforma de streaming em França está claramente a jogar a carta dos audiófilos, oferecendo qualidade de estúdio codificada a 24 bits e 192 kHz (superior à qualidade de CD). No entanto, o catálogo de artistas é limitado. Mas continua a ser uma proposta atractiva para os fãs de alta-fidelidade.
- Tidal: A segunda maior plataforma da Suécia tem um catálogo de mais de 70 milhões de faixas e 250 000 videoclipes. No entanto, a versão Hifi-Plus 24 Bits custa mais do que os seus concorrentes.
- Soundcloud: esta plataforma com 20 milhões de utilizadores permite a artistas e músicos colaborarem através da difusão dos seus projectos musicais.
Qualidade do som e desenvolvimento tecnológico
Quando foi lançado, os ficheiros de áudio do Deezer estavam codificados a 128 kbits, enquanto outras plataformas concorrentes já ofereciam uma codificação de 320 kbits (melhor qualidade para MP3), o que a empresa vai corrigir em breve. Em 2015, a Deezer lançou a sua oferta Deezer Elite (agora rebaptizada Deezer Hifi), oferecendo a transmissão de conteúdos em qualidade FLAC (qualidade de CD). Note-se que o Deezer não permite a gravação de ficheiros áudio e que a empresa francesa tem lutado contra os programas de gravação Streaming desde o início, nomeadamente através da integração de contramedidas nos seus ficheiros. Ao mesmo tempo, a Deezer sempre investiu em Investigação e Desenvolvimento para oferecer aos seus utilizadores a melhor experiência possível. É o caso, nomeadamente, do seu sistema Flow, que permite compreender as necessidades dos ouvintes e fornecer-lhes os conteúdos adequados. A Deezer até desenvolveu uma aplicação para que as empresas e as marcas possam sincronizar os gostos musicais dos seus clientes com os seus perfis Deezer Premium! Por último, existe o Flow Moods, uma funcionalidade baseada em Inteligência Artificial (IA) que oferece 6 listas de reprodução infinitas com base nas preferências do utilizador.
Implementação da estratégia internacional da Deezer
Em abril de 2022, a Deezer fundiu-se com a SPAC I2PO, criada pela família Pinault, Matthieu Pigasse e Iris Knobloch, a nova presidente do Festival de Cinema de Cannes, para preparar a sua IPO. O seu objetivo é que a empresa seja rentável até 2025. A plataforma de streaming de música “Made in France” continua a desenvolver a sua estratégia internacional, estabelecendo operações em vários países para estabelecer parcerias com grandes empresas, como a Tim Celular no Brasil e a RTL na Alemanha. Só depois da criação da Deezer é que esta passou a oferecer subscrições aos fãs de música. Hoje, a start-up francesa está disponível em 185 países e Jerónimo Folgueira, o novo CEO desde 2021, conta com as inovações próprias da plataforma, como a excelente qualidade de som, as listas de reprodução personalizáveis e a possibilidade de traduzir as letras das músicas para a língua desejada, para acelerar o seu crescimento.
Deezer em números :
- A empresa foi fundada em 2007.
- Até 2022, a Deezer terá gerado vendas superiores a 450 milhões de euros.
- Atualmente, o Deezer é um unicórnio francês.
- A empresa tem 9,4 milhões de assinantes em todo o mundo, dos quais 3,3 milhões em França (2022).
- O catálogo de artistas conta com mais de 120 milhões de títulos.
- A Deezer emprega mais de 600 pessoas em todo o mundo (2020).
- A plataforma de streaming de música está disponível em 185 países.
Preços, fórmula, podcasts, artistas disponíveis… ir a www.deezer.com/fr